Observado durante longos períodos de tempo, percebe-se que a superficie do planeta erode. A química e a física ensina que os átomos decaem. Visitei recentemente Leuven para evocar com amigos e antigos colegas a concepção e o desenvolvimento dum projecto de escola baseado na aprendizagem dialógica. Descobri que a evolução deste tipo de projecto pode simplesmente consistir em erodir e decair ao longo de cerca de meio século. O decaimento e a erosão funcionam muito mais depressa na cultura do que quando se trata de fenómenos naturais, pensei. As ações impensadas, a ignorância, as rotinas também ditas de bom senso, parecem promover esse decaimento, essa erosão. Novas gerações de professores parecem não continuar a discussão reflexiva relativo às suas ações com as crianças. Parecem adotar a tendência geral de instruir com arabescos, pensando tornar o todo agradável par os alunos. Talvez tenhamos de esperar por outra explosão cultural. Quem sabe, maio de 1968 foi o equivalente cultural de uma erupção vulcânica que, na natureza, desfaz algumas consequências da erosão originando uma nova paisagem irregular e não homogénea. Teremos que esperar até maio de 2068 para o recrudescimento acontecer e, tal como nos séculos anteriores, instaladores de escolas e de ensino sejam lembrados de que a aprendizagem dialógica apoia as crianças para pensarem criticamente mais do que a normalização do ensino? Ou não estão os instaladores e os professores que empregam interessados em desenvolver o pensamento crítico, indo por essa razão rapidamente, e tal como nos séculos anteriores, impor instruções normalizadoras e niveladoras àqueles que têm uma visão diferente do uso do conhecimento adquirido pela humanidade do que manter a desigualdade hierárquica.
Em que medida o achatamento dos projetos escolares baseados na cooperação - instituindo o grupo envolvido os projetos de aprendizagem individuais e coletivos, o tempo e espaço em que são realizados - é resultado da falta de comunicação entre gerações de profissionais? Até que ponto tais projectos erodem porque são assumidos indiscriminadamente por outros mas sem a discussão reflexiva, porque vêem lucro neles, como se um projecto de aprendizagem alguma vez pudesse ser um produto acabado? Ou será simplesmente um sinal dos tempos o individualismo ignorante se espalhar e inundar ilhas de cooperação e trabalho conjunto, tal como as ilhas do Pacífico continuam a ser inundadas devido às alterações climáticas, embora cada vez mais pessoas falem de desenvolvimento sustentável, não querendo que nada atrapalhe o seu impulso egoísta pela falsa liberdade e falso enriquecimento, a custo de todos os outros?
Não pode o maio deste século vir já na década em curso?
Em que medida o achatamento dos projetos escolares baseados na cooperação - instituindo o grupo envolvido os projetos de aprendizagem individuais e coletivos, o tempo e espaço em que são realizados - é resultado da falta de comunicação entre gerações de profissionais? Até que ponto tais projectos erodem porque são assumidos indiscriminadamente por outros mas sem a discussão reflexiva, porque vêem lucro neles, como se um projecto de aprendizagem alguma vez pudesse ser um produto acabado? Ou será simplesmente um sinal dos tempos o individualismo ignorante se espalhar e inundar ilhas de cooperação e trabalho conjunto, tal como as ilhas do Pacífico continuam a ser inundadas devido às alterações climáticas, embora cada vez mais pessoas falem de desenvolvimento sustentável, não querendo que nada atrapalhe o seu impulso egoísta pela falsa liberdade e falso enriquecimento, a custo de todos os outros?
Não pode o maio deste século vir já na década em curso?