Há coisas simples que se perdem no mundo tecnocratizado. Todos os anos são lançados novos instrumentos na instituição que às vezes deixou de servir as crianças para servir interesses económicos e corporativas. Lembro aqui aqueles velhos sonhos de quem via todas as crianças apropriar-se da cultura humana transcendendo a transmissão oral e abrir o mundo. Aqui, teimosamente e contra os cânones da didática das hierarquias do poder religioso e secular falo de escrita e leitura e não de leitura e escrita.
Vi um dos meus netos há mais de um ano a começar a assinar os seus desenhos com uns símbolos específicos que ele apontava dizendo que estava ali o seu nome. Vejo agora a minha neta a fazer o mesmo nos desenhos que me chegam por envio eletrónico. Fizeram o que Vigotsky dizia que iam fazer: “A criança precisa fazer uma descoberta básica — que se pode desenhar, além de coisas, também a fala. Foi esta descoberta, e apenas esta descoberta, que levou a humanidade à maneira brilhante de escrever cartas e frases; a mesma descoberta leva as crianças à escrita literal. Do ponto de vista pedagógico, esta transição deve ser facilitada pela passagem da criança do desenho de coisas para o desenho da fala”.
Os meus netos descobriram que podem desenhar os sons do seu nome. Há algo de mais mágico, de mais maravilhoso? Com esta descoberta começam a escrever-se. Eles estão neste preciso momento a mover-se da pré-história para a história. A história que agora também é feita com as histórias deles. Como não posso ficar feliz ao ver esta consciência que estão a ganhar?
Penso nas poucas crianças com quem me cruzei na minha vida de professor, a quem me ofereci como scriba, para eles me ditar o que queriam que deles ficasse na história. Logo de seguida descobriram que eles próprios não so podiam escrever a sua fala como a podiam ler. O que não agrada aos comerciantes da escolarização é que então como hoje, as crianças só precisam dum lapis e algum papel para se apropriar desta ferramenta da humanidade. Em grupo, na escola quando ela é acolhedora, aprendem a cooperar para que cada um possa dizer ainda melhor aquilo que quer contar. Sem instrumentos caros, num espaço-tempo próprio e com um adulto que se predispõe para ajudá-las na descoberta deste binómio escrita-leitura, falam das suas aventuras e observações. E juntas alargam a sua intervenção no mundo no qual entraram sem mais e que aprendem a ler. Juntas podem então evitar serem engolidas por bandos arrogantes que lhes querem impingir o que não pediram.
Com esta escrita e esta leitura têm a ferramenta base para perceber o passado de outros e construir o futuro que é delas.
Vi um dos meus netos há mais de um ano a começar a assinar os seus desenhos com uns símbolos específicos que ele apontava dizendo que estava ali o seu nome. Vejo agora a minha neta a fazer o mesmo nos desenhos que me chegam por envio eletrónico. Fizeram o que Vigotsky dizia que iam fazer: “A criança precisa fazer uma descoberta básica — que se pode desenhar, além de coisas, também a fala. Foi esta descoberta, e apenas esta descoberta, que levou a humanidade à maneira brilhante de escrever cartas e frases; a mesma descoberta leva as crianças à escrita literal. Do ponto de vista pedagógico, esta transição deve ser facilitada pela passagem da criança do desenho de coisas para o desenho da fala”.
Os meus netos descobriram que podem desenhar os sons do seu nome. Há algo de mais mágico, de mais maravilhoso? Com esta descoberta começam a escrever-se. Eles estão neste preciso momento a mover-se da pré-história para a história. A história que agora também é feita com as histórias deles. Como não posso ficar feliz ao ver esta consciência que estão a ganhar?
Penso nas poucas crianças com quem me cruzei na minha vida de professor, a quem me ofereci como scriba, para eles me ditar o que queriam que deles ficasse na história. Logo de seguida descobriram que eles próprios não so podiam escrever a sua fala como a podiam ler. O que não agrada aos comerciantes da escolarização é que então como hoje, as crianças só precisam dum lapis e algum papel para se apropriar desta ferramenta da humanidade. Em grupo, na escola quando ela é acolhedora, aprendem a cooperar para que cada um possa dizer ainda melhor aquilo que quer contar. Sem instrumentos caros, num espaço-tempo próprio e com um adulto que se predispõe para ajudá-las na descoberta deste binómio escrita-leitura, falam das suas aventuras e observações. E juntas alargam a sua intervenção no mundo no qual entraram sem mais e que aprendem a ler. Juntas podem então evitar serem engolidas por bandos arrogantes que lhes querem impingir o que não pediram.
Com esta escrita e esta leitura têm a ferramenta base para perceber o passado de outros e construir o futuro que é delas.