Pois bem. Previa anteontem que os dias mais sossegados de introspecção e escrita solitária estavam a acabar. Com grande sorriso de parte a parte, revimo-nos, pépé e netos, eles acompanhados da mãe. Mereceu uma boa garrafa de vinho, com a mãe, não com os netos.
Foi um dia de reencontro com os objectos, com os lugares dos objectos, com as histórias dos livros e dos desenhos animados que já encantavam a geração anterior, então em português do Brasil, hoje em português continental, tirando as relíquias que ainda cuidadosamente são inseridas num aparelho que só o pépé tem: um video-leitor.
A tarde a festa tornou-se ainda maior, quando a neta para mim, a prima para eles e a mãe dela se juntaram a nós por video-chamada. Tivemos de trocar algumas impressões acerca da saúde da ursinha Charlie da prima e mostrar alguma mobília nova cá em casa para equipar a casinha das bonecas. Neste momento sanitas são peças muito comentadas, a idade obriga.
O dia foi tão cheio que não tive tempo para escrever acerca dele ontem. Porque quando, muito depois de terminar a video-conferência, eles também saíram com a mãe, sem antes escolher cada um um objecto para levar, fiquei a meditar um pouco.
O objecto a levar tornou-se uma espécie de ritual. Prolonga-se o sentimento de bem-estar que a visita e o brincar ao longo do dia proporcionou ao levar um micro-pedaço deste lugar onde se voltará, mas que entretanto fica na memória através do objecto levado. Hoje é um carrinho, um pluche, um pequeno boneco dos jogos de construção, amanhã será um souvenir qualquer, uma fotografia. Construímos as nossas memórias apoiados em objectos, somos assim.
Mas hoje ainda criança, constroem-se também através do conhecimento que vão adquirindo, um conhecimento-experiência que lentamente se torna conhecimento objectivado. O que já fizeram tantas vezes tacteando, fazem agora com a segurança do conhecimento adquirido. Ele começa a ser objectivado; a experiência do irmão é compatível com a experiência do pépé, da mãe, de si próprio.
Eles estão a crescer, os meus netos. Já me fazem relatos dos dias passados, já conseguem explicitar o que procuram e para o quê, no meio de uma atividade feita em conjunto. Já são capazes de avaliar o tempo passado juntos, de dizer o que mais gostaram fazer ao longo do dia, não para hierarquizar, mas só porque sabe bem, nestes momentos de adeus, rapidamente rever juntos porque nos sentimos satisfeitos.
Antevejo mais dias de desassossego, em que talvez falharei o meu compromisso de um texto por dia. Mas é por uma boa razão. Mais dias de netos e neta se avistam. Com muitos sorrisos no meio. E algum vinho para os adultos.
Foi um dia de reencontro com os objectos, com os lugares dos objectos, com as histórias dos livros e dos desenhos animados que já encantavam a geração anterior, então em português do Brasil, hoje em português continental, tirando as relíquias que ainda cuidadosamente são inseridas num aparelho que só o pépé tem: um video-leitor.
A tarde a festa tornou-se ainda maior, quando a neta para mim, a prima para eles e a mãe dela se juntaram a nós por video-chamada. Tivemos de trocar algumas impressões acerca da saúde da ursinha Charlie da prima e mostrar alguma mobília nova cá em casa para equipar a casinha das bonecas. Neste momento sanitas são peças muito comentadas, a idade obriga.
O dia foi tão cheio que não tive tempo para escrever acerca dele ontem. Porque quando, muito depois de terminar a video-conferência, eles também saíram com a mãe, sem antes escolher cada um um objecto para levar, fiquei a meditar um pouco.
O objecto a levar tornou-se uma espécie de ritual. Prolonga-se o sentimento de bem-estar que a visita e o brincar ao longo do dia proporcionou ao levar um micro-pedaço deste lugar onde se voltará, mas que entretanto fica na memória através do objecto levado. Hoje é um carrinho, um pluche, um pequeno boneco dos jogos de construção, amanhã será um souvenir qualquer, uma fotografia. Construímos as nossas memórias apoiados em objectos, somos assim.
Mas hoje ainda criança, constroem-se também através do conhecimento que vão adquirindo, um conhecimento-experiência que lentamente se torna conhecimento objectivado. O que já fizeram tantas vezes tacteando, fazem agora com a segurança do conhecimento adquirido. Ele começa a ser objectivado; a experiência do irmão é compatível com a experiência do pépé, da mãe, de si próprio.
Eles estão a crescer, os meus netos. Já me fazem relatos dos dias passados, já conseguem explicitar o que procuram e para o quê, no meio de uma atividade feita em conjunto. Já são capazes de avaliar o tempo passado juntos, de dizer o que mais gostaram fazer ao longo do dia, não para hierarquizar, mas só porque sabe bem, nestes momentos de adeus, rapidamente rever juntos porque nos sentimos satisfeitos.
Antevejo mais dias de desassossego, em que talvez falharei o meu compromisso de um texto por dia. Mas é por uma boa razão. Mais dias de netos e neta se avistam. Com muitos sorrisos no meio. E algum vinho para os adultos.