O calor e as férias do padeiro local impõem mais frequentes idas ao supermercado no fresco da manhã. Fica a pouco mais de dez minutos a pé mas havendo uma parte do caminho sem sombras fazer compras cedo de manhã é mais agradável. Pos-me em caminho pouco tempo antes da loja abrir. Como atravesso o bairro onde moram muitos familiares de antigos alunos os dez minutos alongaram-se para meia hora. Tive tempo para por a conversa em dia com o pai de um aluno de ha 22 anos com quem continuo a ter uma relação afável e que sendo sego de nascença, como sempre me reconheceu pelo ruído do meu passo. Falamos de filhos e netos, como atualmente é costume fazer entre a sua geração e a minha.
O supermercado mostrava o típico aspecto vazio do mês de Agosto que pessoalmente prezo mas que a gerência não deve apreciar muito. Acabei depressa a minha volta para me deparar com uma só caixa aberta, frente a qual havia já outros quatro homens com idade de avô em conversa, enquanto a expressão facial da operadora ao telefone mostrava que algo não estava bem. Tentando optar pelo ponto de pagamento para utentes com poucas compras, fui informado pela funcionária aí presente que havia uma única caixa a funcionar, devido a uma avaria geral nos sistemas de pagamento.
Voltei para a fila onde a operadora entretanto já tinha recebido as instruções em como trabalhar com o terminal de recurso do multibanco. Como nenhum de nós tínhamos pressa, tranquilizamo-la e envolvemo-la na nossa conversa. De repente parecíamos estar na mercearia do antigamente. Sem pressa, juntámos os nossos produtos no balcão, cada um com o seu monte, conversando enquanto os produtos iam sendo registados. Era assim antes dos múltiplos cartões, dos hipermercados, dos sistemas pensados em função de aumento de consumo e rapidez das transações, nunca se sabe, pode alguém se arrepender de comprar algo que não precisa. Como na rua, tínhamos tempo para estes dois dedos de conversa que cimentam as relações entre pessoas diversas com ocupações diversas.
Quando ainda por cima o tempo de fila me deu espaço para desenvolver uma outra conversa com um outro muito antigo pai de uma outra muito antigo aluno remontando a 1988, parecia-me que os sistemas tinham mesmo de propósito ensaiado a sua vulnerabilidade permitindo esta serie de contactos sociais, no meio dos quais a operadora também já estava bem menos nervosa.
Será que foi mesmo hoje que os robots ganharam a inteligência mais do que artificial para originar a interrupção da artificialidade nas relações humanas que o mundo do dinheiro e do consumismo vezes provocou.
Seria uma bela história para contar aos netos, em que era uma vez se torna é desta vez…
O supermercado mostrava o típico aspecto vazio do mês de Agosto que pessoalmente prezo mas que a gerência não deve apreciar muito. Acabei depressa a minha volta para me deparar com uma só caixa aberta, frente a qual havia já outros quatro homens com idade de avô em conversa, enquanto a expressão facial da operadora ao telefone mostrava que algo não estava bem. Tentando optar pelo ponto de pagamento para utentes com poucas compras, fui informado pela funcionária aí presente que havia uma única caixa a funcionar, devido a uma avaria geral nos sistemas de pagamento.
Voltei para a fila onde a operadora entretanto já tinha recebido as instruções em como trabalhar com o terminal de recurso do multibanco. Como nenhum de nós tínhamos pressa, tranquilizamo-la e envolvemo-la na nossa conversa. De repente parecíamos estar na mercearia do antigamente. Sem pressa, juntámos os nossos produtos no balcão, cada um com o seu monte, conversando enquanto os produtos iam sendo registados. Era assim antes dos múltiplos cartões, dos hipermercados, dos sistemas pensados em função de aumento de consumo e rapidez das transações, nunca se sabe, pode alguém se arrepender de comprar algo que não precisa. Como na rua, tínhamos tempo para estes dois dedos de conversa que cimentam as relações entre pessoas diversas com ocupações diversas.
Quando ainda por cima o tempo de fila me deu espaço para desenvolver uma outra conversa com um outro muito antigo pai de uma outra muito antigo aluno remontando a 1988, parecia-me que os sistemas tinham mesmo de propósito ensaiado a sua vulnerabilidade permitindo esta serie de contactos sociais, no meio dos quais a operadora também já estava bem menos nervosa.
Será que foi mesmo hoje que os robots ganharam a inteligência mais do que artificial para originar a interrupção da artificialidade nas relações humanas que o mundo do dinheiro e do consumismo vezes provocou.
Seria uma bela história para contar aos netos, em que era uma vez se torna é desta vez…